A logística é uma especialidade da administração
responsável por prover recursos e informações para
a execução de todas as atividades de uma organização.
Sendo uma especialidade da administração que visa suprir
recursos ela envolve também a aplicação de conhecimentos de outras áreas como a
engenharia, economia, contabilidade, estatística,
marketing e tecnologia e recursos
humanos.
Operacionalmente a logística possui uma visão organizacional, onde esta
administra os recursos materiais, financeiros, pessoas e informação,
onde exista movimento na organização, fazendo a gestão desde a compra,
a entrada de materiais, o planejamento de
produção, o armazenamento, o transporte
e a distribuição dos produtos, monitorando as operações e
gerenciando informações, ou seja, monitorando toda parte de entrega e
recebimento de produtos e serviços na organização.
Pela definição do Council of Supply Chain Management
Professionals, "Logística é a parte do Gerenciamento da Cadeia de
Abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento
eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos
acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até
o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes"
(Carvalho, 2002, p. 31)
Ferramentas da logística
Como ferramental, a logística utiliza (entre outros):
- O WMS, Warehouse Management System, em português - literalmente: sistema de automação e gerenciamento de depósitos, armazéns e linhas de produção. O WMS é uma parte importante da cadeia de suprimentos (ou supply chain) e fornece a rotação dirigida de estoques, diretivas inteligentes de picking, consolidação automática e cross-docking para maximizar o uso do valioso espaço do armazéns.
- O TMS, Transportation Management System, que é um software para melhoria da qualidade e produtividade de todo o processo de distribuição. Este sistema permite controlar toda a operação e gestão de transportes de forma integrada. O sistema é desenvolvido em módulos que podem ser adquiridos pelo cliente, consoante as suas necessidades (Gasnier et al., 2001).
- O ERP, Enterprise Resource Planning ou SIGE (Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, no Brasil) são sistemas de informação que integram todos os dados e processos de uma organização em um único sistema. A integração pode ser vista sob a perspectiva funcional (sistemas de: finanças, contabilidade, recursos humanos, fabricação, marketing, vendas, compras, etc) e sob a perspectiva sistémica (sistema de processamento de transações, sistemas de informações gerenciais, sistemas de apoio a decisão, etc).
- O MRP, Material Requirement Planning (planeamento (português europeu) ou planejamento (português brasileiro) das necessidades de materiais, PNR).– Planejamento dos Recursos da Manufatura) é a evolução natural da lógica do sistema MRP, com a extensão do conceito de cálculo das necessidades ao planejamento dos demais recursos de manufatura e não mais apenas dos recursos materiais.
Origem do nome
A palavra
logística tem a sua origem no verbo francês loger - alojar ou
acolher. Foi inicialmente usado para descrever a ciência da movimentação,
suprimento e manutenção de forças militares no terreno. Posteriormente foi
usado para descrever a gestão do fluxo de materiais numa organização, desde a
matéria-prima até aos produtos acabados.
Considera-se
que a logística nasceu da necessidade dos militares em se abastecer com
armamento, munições e rações, enquanto se deslocavam da sua base para as
posições avançadas. Na Grécia antiga, império Romano e império Bizantino, os
oficiais militares com o título Logistikas eram responsáveis pelos
assuntos financeiros e de distribuição de suprimentos.
O Oxford
English Dictionary define logística como: "O ramo da ciência militar responsável
por obter, dar manutenção e transportar material, pessoas e equipamentos".
Outra definição para logística é: "O tempo relativo ao posicionamento de
recursos". Como tal, a logística geralmente se estende ao ramo da engenharia,
gerindo sistemas humanos ao invés de máquinas.
História
Desde a antiguidade, os líderes militares já usufruíam da logística. As
guerras eram longas e geralmente distantes e eram necessários grandes e
constantes deslocamentos de recursos. Para transportar as tropas, armamentos e
carros de guerra pesados aos locais de combate eram necessários o planejamento,
organização e execução de tarefas logísticas, que envolviam a definição de uma
rota; nem sempre a mais curta, pois era necessário ter uma fonte de água
potável próxima, transporte, armazenagem e distribuição de equipamentos e suprimentos.
Na antiga Grécia, Roma e no Império Bizantino, os militares com o título de Logistikas
eram os responsáveis por garantir recursos e suprimentos para a guerra.
Carl von Clausewitz dividia a Arte da Guerra em
dois ramos: a tática e a estratégia. Não falava especificamente da logística,
porém reconheceu que "em nossos dias, existe na guerra um grande número de
atividades que a sustentam (...), que devem ser consideradas como uma
preparação para esta".
É a Antoine-Henri Jomini, ou Jomini,
contemporâneo de Clausewitz, que se deve, pela primeira vez, o uso da palavra
"logística", definindo-a como "a ação que conduz à preparação e
sustentação das campanhas", enquadrando-a como "a ciência dos
detalhes dentro dos Estados-Maiores".
Em 1888,
o Tenente Rogers introduziu a Logística, como matéria, na Escola de Guerra
Naval dos Estados Unidos da América. Entretanto, demorou algum tempo para que
estes conceitos se desenvolvessem na literatura militar.
A realidade é que, até a 1ª Guerra Mundial, raramente aparecia a palavra
Logística, empregando-se normalmente termos tais como Administração, Organização
e Economia de Guerra.
A verdadeira tomada de consciência da logística como ciência
teve sua origem nas teorias criadas e desenvolvidas pelo Tenente-Coronel
Thorpe, do Corpo de
Fuzileiros Navais dos Estados Unidos da América que, no ano de 1917, publicou o livro
"Logística Pura: a ciência da preparação para a guerra". Segundo
Thorpe, a estratégia e a tática
proporcionam o esquema da condução das operações militares, enquanto a
logística proporciona os meios. Assim, pela primeira vez, a logística situa-se
no mesmo nível da estratégia e da tática
dentro da Arte da Guerra.
O Almirante Henry Eccles em 1945, ao encontrar a obra de Thorpe empoeirada nas estantes da
biblioteca da Escola de Guerra Naval, em Newport,
comentou que, se os EUA
seguissem seus ensinamentos teriam economizado milhões de dólares na condução
da 2ª Guerra Mundial. Eccles, Chefe da Divisão de
Logística do Almirante Chester Nimitz, na Campanha do Pacífico, foi um
dos primeiros estudiosos da Logística
Militar, sendo considerado como o "pai da logística
moderna" Até o fim da Segunda Guerra Mundial a Logística esteve associada
apenas às atividades militares. Após este período, com o avanço tecnológico e a
necessidade de suprir os locais destruídos pela guerra, a logística passou
também a ser adotada pelas organizações e empresas civis.
As novas exigências para a atividade logística no mundo passam pelo maior controle e identificação de oportunidades de redução de custos, redução nos prazos de entrega e aumento da qualidade no cumprimento do prazo, disponibilidade constante dos produtos, programação das entregas, facilidade na gestão dos pedidos e flexibilização da fabricação, análises de longo prazo com incrementos em inovação tecnológica, novas metodologias de custeio, novas ferramentas para redefinição de processos e adequação dos negócios.Apesar dessa evolução, até a década de 40 havia poucos estudos e publicações sobre o tema. A partir dos anos 50 e 60, as empresas começaram a se preocupar com a satisfação do cliente. Foi então que surgiu o conceito de logística empresarial, motivado por uma nova atitude do consumidor. Os anos 70 assistem à consolidação dos conceitos como o MRP (Material Requirements Planning).
Após os anos 80, a logística passa a ter realmente um desenvolvimento
revolucionário, empurrado pelas demandas ocasionadas pela globalização, pela
alteração da economia mundial e pelo grande uso de computadores na
administração. Nesse novo contexto da economia globalizada, as empresas passam
a competir em nível mundial, mesmo dentro de seu território local, sendo
obrigadas a passar de moldes multinacionais de operações para moldes mundiais
de operação.
Bibliografia
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- CARVALHO, José Meixa Crespo de (2002). Logistica 3° ed. Lisboa: Edições Sílabo. ISBN 9789726182795
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- KUNRATH, Rodrigo Diedrich - Logística Empresarial.
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